Exorcismo é diferente de ser curado e liberto
Exorcismo é Diferente de Ser Curado e Liberto
Talvez um dos motivos que levem muitos cristãos a ainda carregarem demônios em partes de sua vida, esteja no fato de que apenas foram ‘exorcizados’ após sua conversão
Na prática do aconselhamento, o que tenho percebido é que muitos dos que são ‘libertos’ por aí passaram por estas ‘sessões de exorcismo’ em público. Mas será que isso por si só é suficiente? A cura e a libertação estão com isso automaticamente garantidos? É sobre isso que quero refletir com você neste momento.
Inicialmente, é preciso dizer que o termo exorcismo vem significando tradicionalmente o ato de ‘livrar alguém de um demônio’, ou seja, expulsá-lo. O que tenho visto é que simplesmente tirar o demônio de alguém não é garantia de que ele não voltará e nem mesmo quer dizer que a libertação num sentido pleno já tenha acontecido. Por isso, acho que seria importante fazer uma distinção clara entre os termos ‘exorcismo’, ‘cura’ e ‘libertação’. Existem dois autores que poderão nos ajudar a entendermos estas terminologias. Um deles é John Richards, um ministro anglicano, que tem escrito sobre a importância do ministério de cura e libertação nas igrejas locais. Usando a parábola de Jesus em Mateus 12:43-45, Richards nos faz um rico comentário,
“Substituindo essa analogia pela que foi usada pelo Senhor em sua parábola sobre o espírito que voltou, duas são as causas de perturbação numa casa. O problema pode estar na casa ou nos seus ocupantes. Reformar a primeira é uma operação demorada e fácil de ser compreendida e pode assemelhar-se a uma cura A expulsão dos ocupantes perturbadores é uma tarefa mais simples e mais rápida. Embora a perturbação causada por cupins ou pela umidade nem sempre possa ser sanada imediatamente, a causada por ocupantes cessará desde o instante em que eles se mudarem. Essa analogia explica o que para algumas pessoas parece inexplicável, ou seja, os benefícios instantâneos do exorcismo e a sua diferença entre cura e libertação, que em geral são processos de que ele é simplesmente parte ”
E ainda na conclusão de sua argumentação, o ministro anglicano nos alerta, “É difícil enfatizar a importância disso. A igreja não deve preocupar-se com o exorcismo sem antes preocupar-se com a cura total” . Seguindo a mesma linha de pensamento, convém citar também um comentário de Harry Cooper, que em seu ensaio Deliverance and Healing, fez uma rica reflexão sobre o que temos aqui abordado,
“ Libertação e cura; é óbvio que esta é a seqüência certa da idéia. Ser liberto é uma coisa: tornar-se são, readaptado, reabilitado, colocado num contexto certo dentro da sociedade, relacionar-se com homens e com Deus, e assim por diante, é ser curado. Ser simplesmente salvo do mal, poderia ser ‘como o homem da parábola cujo demônio o deixou vazio e foi buscar mais sete demônios invasores, tornando a situação oito vezes pior do que antes”
Em síntese, gostaria de fazer alguns comentários sobre as terminologias vistas nos comentários dos dois autores citados. Primeiro, como já disse, a palavra exorcismo faz referencias a estes confrontos onde ali expulsamos os demônios das vítimas. Retirar então, em nome de Jesus, o demônio de alguém é estar atuando no nível de ‘exorcismo’. Para alguns infelizmente a visão da libertação pára aí. Estes ministradores dizem, “Bom, finalmente você está totalmente liberto, vá em paz!”. Mas será que está liberto mesmo? E porque muitos são duramente retaliados depois e não conseguem firmarem-se na presença de Deus? Pois bem, embora assim como Richards, eu considere a importância do exorcismo, como parte integrante do processo, vejo que ele não é o fim e nem a garantia do êxito da ministração. O que vem após o exorcismo? Vem a libertação propriamente dita. Na minha opinião começamos atuar no nível da libertação quando nos colocamos como conselheiros que estão ali procurando ajudar a pessoa a fechar todas as brechas que abriu em seu passado e também no presente. Se os demônios estiveram ali pertubando-a durante todo este tempo, é sinal de que tiveram legalidades para tal. Para ilustrar isso, vamos imaginar uma situação onde temos num lugar um amontoado de lixo que está atraindo muitos mosquitos. O que fazer para se ver livre destes insetos perturbadores? Alguns, apenas enxotam os mosquitos e deixam o lixo (isso é exorcismo). Mas se você fizer apenas isso, o que acontece depois de pouco tempo? Os mosquitos voltarão….Se quer mesmo sanar esta situação, trate de tirar e lançar fora todo lixo, ou seja, tire a ‘legalidade’ que estes mosquitos estão tendo para retornarem ao local. Isso pode ilustrar o que é libertação. Se mandarmos os demônios embora, mas não tirarmos as suas legalidades (o lixo) eles voltarão e, às vezes, com maior intensidade. Nos capítulos anteriores falamos de várias bases que o inferno pode ter contra nós: maldições, alianças com os demônios através de práticas espíritas e ocultas, vínculos com parceiros sexuais e também é claro, os pecados em geral. É preciso que em oração tratemos com cada uma destas coisas.
Finalmente, temos a palavra ‘cura’. Sabemos que estes invasores espirituais que estiveram ali durante tantos tempos, quando saem geralmente deixam seqüelas. O ministério de cura lida com ‘os estragos causados e deixados pelos demônios’. É preciso que se entenda que o diabo durante o período que dominou alguém teve total acesso à diversas áreas de sua vida. Por isso agora, é preciso colocar a ‘casa’ em ordem, pensado na parábola de Mateus 12. Estes estragos são aqueles traumas, feridas, mágoas, rejeições, lembranças dolorosas do passado, etc. Este ministério tem sido chamado de cura interior e trata especificamente com as emoções feridas. Está é a etapa que segundo Richards e Cooper demandará mais tempo.
Eu gostaria de concluir este item, enfatizando a importância do ministério de libertação ser enfatizado dentro da cura geral: a física, a emocional e também demoníaca. Tratar com as pessoas em todas as suas esferas, permitindo-as caminhar livres em Cristo, deve ser a tônica de todos aqueles que trabalham com cura e libertação em suas igrejas. Atuando assim, estaremos dando continuidade ao ministério de Cristo, pois Ele veio para, “pregar boas novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos, e a pôr em liberdade os algemados” (Isaías 61:1). Esta também deve ser a nossa missão: pregar o evangelho aos homens, curar suas feridas emocionais e livrá-los também de todo cativeiro espiritual. Fazendo isso, teremos uma igreja muito mais saudável e livre em Cristo!
Pr. Alcione Emerich
*** Pode ser extraído, desde que se cite a fonte.
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