Ganhar Almas Sem Derramar Lágrimas?
É
impossível testemunhar e trabalhar por Jesus de coração vazio ou com os
olhos secos. Os cristãos precisam aprender o quanto é importante seu
quarto de oração, com o chão gasto pelos joelhos e sempre molhado de
lágrimas.
Estamos acostumados ao som dos passos dos perdidos...
Quanto
antes admitirmos que abrimos mão de nossa responsabilidade pelas almas
perdidas, melhor será para a evangelização do mundo. Encaremos de frente
o fato de que já estamos acostumados ao som dos passos dos perdidos que
estão se encaminhando para suas sepulturas sem conhecerem a Jesus. Não
temos mais a força de chorar pelos perdidos – isso deixou de pesar em
nossos corações. As massas sem Jesus não estão convencidas de que estão
perdidas, simplesmente porque nós mesmos deixamos de ter a profunda
convicção do quanto é terrível a sua situação e do quanto é ainda mais
terrível seu destino eterno.
O coração de Paulo sempre sangrava com esse fardo tão pesado: “para
isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo
a sua eficácia que opera eficientemente em mim. Gostaria, pois, que
soubésseis quão grande luta venho mantendo por vós, pelos laodicenses e
por quantos não me viram face a face” (Cl 1.29; Cl 2.1).
A
palavra que Paulo usa aqui para falar de sua luta pela salvação de
outros é a mesma usada para falar de uma corrida ou de uma renhida
disputa na arena. Arthur Way traduz essa passagem assim: “Com esse alvo
eu me empenho muito e luto firmemente, com a extrema força que o poder
de Deus inflama em mim”. Com a palavra “lutar’ o apóstolo Paulo está
enfatizando que se trata de uma verdadeira batalha, dura e contínua.
Essa luta é pelas almas das pessoas, uma batalha por sua salvação
eterna. John Knox sentia esse fardo vindo de Deus quando clamou:
“Senhor, dá-me a Escócia ou morrerei”.
Nossas evangelizações ficaram profissionais demais
Temos
uma variedade enorme de eventos evangelísticos. Mesmo assim, pouca
gente é salva do fogo do juízo. Muitas evangelizações são organizadas,
mas as cidades e os povoados continuam tão perdidos como sempre. As
evangelizações se profissionalizaram demais, tornaram-se mecânicas
demais – e frias demais. Nosso testemunho pessoal é errático, sem forças
e sem entusiasmo. As pessoas que queremos ganhar para Cristo não sentem
calor no que pregamos ou testemunhamos, não sentem nossa compaixão, não
vêem nossas lágrimas. Não vêem qualquer sinal de empenho de nossa parte
quando exortamos acerca do seu caminho errado. E assim continuam sem
Deus pela estrada da vida.
O
Senhor levou suas oração ao Pai com clamor e lágrimas (Hb 5.7). Será
que nossas orações e nossas mensagens são secas e estéreis demais? Com
certeza é bom quando cantamos e dizemos que choramos pelos perdidos, mas
será que choramos de verdade?
Paulo
sofria por aqueles que queria ganhar para Jesus. O bispo Moule escreve a
respeito: “Paulo mantinha uma luta constante, ousada e corajosa; uma
batalha contra tudo e contra todos que se opunham às suas orações”. Era
uma luta em oração por aqueles que ele desejava ganhar para Cristo.
Essas palavras soam artificiais aos nossos ouvidos? Talvez a sofrida
luta de Jesus no Getsêmani seja elevada demais para nós, mas será que
podemos experimentar o que significa ser movido pela paixão do Calvário e
ter compaixão pelos perdidos?
O preço de ser um ganhador de almas
Quem
anseia ter um amor mais profundo pelas almas deve estar preparado para
pagar o preço. Qual é esse preço? Que sofrimento é esse? Para Paulo, o
que significava trabalhar como ganhador de almas? Ele perdeu prestígio e
amigos, perdeu riqueza e conforto, perdeu sua posição e seus
familiares. Quanta solidão, quantas lágrimas, quantas feridas e saudades
ele sentiu – e tudo apenas para que pessoas perdidas fossem salvas. Ele
tinha pelas almas uma paixão que queimava fortemente, e que, apesar de
todo o desânimo, jamais se apagou.
Que
o Senhor se compadeça de nós quando estamos satisfeitos realizando
evangelizações, organizando conferências e pedindo dinheiro às pessoas
para sustentar missões ou projetos evangelísticos. Tentamos convencer
outros, mas sem entusiasmo, tentamos tocar em corações alheios sem
chorar por eles e tentamos ganhar almas sem lutar. É muito importante
aprender como se evangeliza. E isso inclui, em primeiro lugar, sentir
verdadeira dor pela perdição dos outros.
Você
se dispõe a carregar o mesmo fardo que o apóstolo Paulo carregava pelos
perdidos? Você encontrará esse fardo no mesmo lugar onde Paulo e tantos
outros ganhadores de almas o encontraram: ao pé da cruz.
Quando
entendermos de verdade o que significou para Cristo derramar Seu sangue
para salvar pecadores do inferno, então será impossível trabalhar sem
ardor para Jesus, e será impossível testemunhar de coração frio e com
olhos secos.
Quando
William Booth fundou o Exército de Salvação nas favelas de Londres, não
demorou muito até que algumas pessoas dedicadas se juntassem a ele,
pessoas que compartilhavam do seu fardo pelos excluídos.
Quando
William Booth fundou o Exército de Salvação nas favelas de Londres, não
demorou muito até que algumas pessoas dedicadas se juntassem a ele,
pessoas que compartilhavam do seu fardo pelos excluídos. Em breve ele já
estava treinando essas pessoas – com a única finalidade de lhes ensinar
como ganhar almas para Jesus. Certo dia estava ensinando sobre
evangelismo. Aí interrompeu o que estava dizendo e declarou em sua
típica maneira dramática:
“Se eu pudesse, mandaria todos vocês passar umas duas semanas no inferno!”
É
óbvio o que ele estava querendo dizer. Se esses jovens pudessem passar
alguns dias no meio dos lamentos e tormentos dos condenados, eles
voltariam cheios de uma paixão inextinguível. Com muito zelo eles teriam
alertado a todos e ensinado aos outros como fugir da ira vindoura.
Este
artigo foi encontrado entre os papéis de William MacDonald, falecido no
final de 2007, mas não há certeza de que ele mesmo o tenha escrito.
Achamos que ele merece ser compartilhado com nossos leitores. (Herb Hirt
- http://www.chamada.com.br)
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